sexta-feira, 16 de abril de 2010

A Tela.

Não quis cair de saudade por hoje. Sim. Voltei a olhar o álbum em que colei as figurinhas de meu herói.
Não quis cair na expectativa também. Quando procuramos alguém sem saber parece tudo ser tão mais bonito.
Então, olhar nos olhos não é entender?
E algo sussurrava como sempre. Tão constante e me fazendo tão bem.
Ele ainda existe e será eterno.
Então algo cantava em mim.
E eu me vesti como se fosse vê-lo. Sabia que nunca estaria preparado o suficiente para um encontro com esse alguém, minha alma queria mais ver a dele do que um corpo pede pra ver o outro, beleza nunca seria suficiente. Caminhei por várias calçadas como se ele observasse-me.
O senti tão dentro de mim.
Pulsando tão sutil.
Absorvi cada centímetro de lembrança.
Cantarolei como se ele me ouvisse.
Assistia minha cena dentro de meu próprio espelho imaginário. Detalhava tudo para estar perfeito para compartilhar-me com ele.
Agradecia ao Supremo os momentos bem experimentados, a pouca maturidade que me ajudaria a chegar pelo menos perto do que tanto buscarei ser dele.
E sorria como quem sabe que sempre existirá. Em alguma Esfera ele sempre estaria em mim.
E eu ouviria a música de seu hálito no meu rosto.
E me recordo da sala com o solo quadriculado que eu precisava gritar, mas meu cérebro me silenciava com medo do brusco minerar em mim e recuá-lo.
Eu me vi dentro de uma oca de pedra e uma gruta feita por índios, onde ele esculpiu nas paredes algo abstrato e mudo que eu entenderia em um diálogo de sinestesia das sensações talvez de vidas passadas. Tinha absoluta certeza de que o esperarei em tantas outras vidas como nesta e que ele surgirá, enfim, nem que fosse como água na correnteza onde eu descanso e me alivio após cada batalha.
E a luz do palco se apaga esperando nossa próxima vez.