segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Fernanda, dou-te meu coração num cesto de laranjas.

Como atrever-me à travessia,
apaixonar-me de alguém como sou de ti?

Meu grande amor, ter asas expulsa-me
de estar pousado em teus cabelos
como meus poros sussurram-me que devo.

Pequenos braços, como possuo, são impotentes...
Aliviar tua tensão! Que vai do alto da testa
(navio atravessando alvoradas pelo denso cru)
ao início de tua nuca, desenhando o cetro
de tua coluna - vertebral triunfo -.

Uma braçada em tuas águas é um suspiro de fome serena pelo mundo.

Ardo de calor, é suor de homem que trabalha o dia todo.
(Sem malandragem, por ti, nem a mania do boto).

Tuas pedras; meu maná -  boca em sangue,
dentes esfarelados clareando o chão:
É minha estrada de pontos luminosos, só tua.

Tenho sol nos olhos, cansaço; bendita, a quem escolho com eternidade.
Quando os sapatos não me cabem, nas longas estradas, para chegar ao teu colo é
que suporto as feridas nos pés.

Nunca soube um bom modo para dar-te as coisas do mundo.
Sei te amar apenas no impossível.

(À Fernanda Pio)

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

...

Vaguear
Peito em mudez de absorção
inspiro; suspiro
Oco túnel não me quer
Sou verruga.