segunda-feira, 15 de março de 2010

O cadeado enferrujou.

Uma vez um menino um pouco mais velho me disse que uma mulher sofria por minha culpa e eu chorei.
Mais tarde disse-me que essa mulher morreria. E eu chorei.
Pouco tempo depois retornou a apontar-me mais pecados meus e fomos surpreendidos por um estranho mais velho e forte - que bateu forte no outro menino. - Eu chorei. Ele calou.
Tinha seis anos.
Depois cresci e nunca mais chorei.
Pude notar que uns nascem pra chorar de alegria, outros de tristeza. E têm também aqueles que nascem e chorar não lhes é de direito. Então vivem angustiados e simplesmente não choram.
Hoje caminho sozinho e fraco. Agir parece muito e sou um verdadeiro preguiçoso esquecido por pessoas que estão muito ocupadas com a própria felicidade. Ser feliz me é tão caro que sinto que ‘não dou conta’. Vem desde pequeno.
Idealizo muito uma pessoa quando foco-me nela; o que mais me desgasta é quando descubro que ela é tão insigne quanto a criei, meu único engano foi crer que eu faria parte da magnitude de sua digna felicidade.
Deu-me versos. Figuras na mão direita. Tudo para depois me deixar ancorado em sua falta.
Atrasei-me mais. O tempo é de sobra. Eu é que não o administrei.
O amor é de sobra. Eu é que não amo.
Desejo amar. Amor é um sentimento bom. E tudo o que é bom cobra-me muito e me cansa.
Eu quero ouvir a orquestra tocar.
E dessa vez idealizei um personagem que se inspira nas obras de Monteiro Lobato. Que se foi. Como toda lenda se vai. E todo cavalheiro valente não aceita o acompanhante que coleciona suas figurinhas adesivas. Daí surge os vilões. Revoltados no abandono do super herói. Meu orgulho está ferido; rebelarei-me por dentro. Tornar externo é reagir. Reagir é bom.
E tudo o que é bom custa-me muito.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Closer;

Eu só gritei por aqui. Para sobreviver.O que pulsou em mim foi uma rosa. As pétalas talvez jorrem de meus pulsos e manchem o chão. Mentira minha. O chão é a certeza singular. A visão romântica que tenho de tudo está aqui. Ser feliz parece tão difícil, uma revolução que não caberia em mim.
Estou despedaçado. Um homem quando sozinho se suicida.
Não que eu tenha prazer em sofrer e me mortificar. Apenas tenho necessidade de viver o amor. E muitas vezes a única maneira que temos de amar requer muito sofrimento. Não sei como usar palavras tão bonitas porque já nem sei o que é belo. E foi tão fácil me ignorar, esquecer que certamente estarei sentindo sua falta. E dentro da minha cabeça, meu peito, pele, todos os órgãos, algo grita seu nome a cada segundo, sempre mais alto.
A pior solidão é onde não lhe é de direito sentir falta de alguém. E sabe que isso não mudará, e transfere a saudade que sentia de alguém para outro alguém, porque enjoou de ouvir em sua alma sempre o mesmo nome. E sente como sabe que ninguém chamará por você, nem mesmo com o grito ou um simples sussurro.
Dói. Atrasa-me. Um homem solitário se suicida e a mulher que é bem mais forte sobrevive. Porque sabe que poderá ter filhos e amá-los. Homem não gera vida. Homem nada faz além de errar. E eu sou um homem e já fiz muitos outros sofrerem, e, sobretudo não me perdoo pelas mulheres que magoei.
O homem é o erro. O defeito do cromossomo. O que devia ser repudiado sempre. E é o que eu sou.
E sempre me cansa. É peso de mais não ser nada. Um ser rastejante sobre duas pernas fracas e mal lavadas.
Tem razão de me deixar, já carrega um peso por si.
Vai. E não pense jamais em voltar.E não se sinta minha âncora.
Embora desejo que volte. E volte como não era antes.