quinta-feira, 30 de maio de 2013

Ensaios sobre os 'Anjos da Noite'.

Ensaio I
 
Os olhos:
ruídos, em  lava penetram a terra
corvos no espelho da noite
luz sedenta do raio
asas ventando
anjos
lábios – navalha de nervos
cacos
mictórios
tão belo feio
hienas dançando
aurora azul, sem fuga
silenciar&deslizar sorrindo
cravando rochas humildes yin
História.
 
(João Gabriel Bruscato Mistura)
 
Ensaio II
 
A noite vem com sua majestade cósmica
Acredita ter o poder absoluto sobre tudo
A noite vem, engole o dia pouco a pouco
E saboreia esse cálice de vida
 
A noite sempre se sente soberana
Aterroriza alguns com suas sombras e sons
Encanta a outros com seus mistérios
 
Em meio a isso três pontos aparecem
Encaram a noite mágica e poderosa
Travam batalhas que só eles conhecem
Instigam o mundo e espalham vida
 
A noite não se conforma, mas não tem o que fazer
Afinal, não é tão poderosa assim
Os Anjos acontecem….
 
(Silvia Ferrante)
 
Ensaio III
 
Os Anjos da Noite não escutam alto e ponderam o som. O volume máximo que podem alcançar fica dentro do belíssimo e absoluto silêncio. Há um enorme estandarte azul fazendo-os tropeçar, como as ditas e reconhecidas rasteiras da vida. Naquela noite dentro do bosque esfumaçado, a garota de pele branca ajoelhou-se em sinal da cruz e protegeu os olhos dos que mentiam somente para saber do que se tratava o ocorrido.
 
Armados por espadas: lançam chamas; não haveria como trapacear um grande jogo de azar. O vulto inesperado passou por detrás das campanas, dos chalés adormecidos por pura diversão imensamente apaziguadora. Se for aquele um visitante qualquer, bastava a expulsão e examinação dos corpos.
 
O mais raro da ocasião de dividir um culto com os aprumados pensamentos que rondam à cabeça dos curiosos, era, certamente a composição do enredo. No centro, no alto, o mais emblemático deles. Cabelos de Anjo esvoaçado pelo tempo. Não há espaço para rugas, elas foram perdidas por uma juventude forte, incansável. No círculo intermediário o Anjo da Asa Quebrada, uma posição crucial para o desempenho na luz, no vento, no estardalhaço. Fechando a tríade incomum dos jornais, O Anjo, de tão metálico era loquaz, infinito, não-padrão.
 
Ajudavam o resto da humanidade na consistência de que a verdade é concebível ou não, mas o ponto de partida atravessa gerações e séculos.