Como atrever-me à travessia,
apaixonar-me de alguém
como sou de ti?
Meu grande amor, ter asas
expulsa-me
de estar pousado em
teus cabelos
como meus poros
sussurram-me que devo.
Pequenos braços, como
possuo, são impotentes...
Aliviar tua tensão! Que
vai do alto da testa
(navio atravessando
alvoradas pelo denso cru)
ao início de tua
nuca, desenhando o cetro
de tua coluna - vertebral
triunfo -.
Uma braçada em tuas águas é um suspiro de fome serena pelo mundo.
Uma braçada em tuas águas é um suspiro de fome serena pelo mundo.
Ardo de calor, é suor
de homem que trabalha o dia todo.
(Sem malandragem, por
ti, nem a mania do boto).
Tuas pedras; meu maná
- boca em sangue,
dentes esfarelados
clareando o chão:
É minha estrada de
pontos luminosos, só tua.
Tenho sol nos olhos,
cansaço; bendita, a quem escolho com eternidade.
Quando os sapatos não
me cabem, nas longas estradas, para chegar ao teu colo é
que suporto as feridas
nos pés.
Nunca soube um bom
modo para dar-te as coisas do mundo.
Sei te amar apenas no
impossível.
(À Fernanda Pio)
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